O sonho de ser jogador de futebol profissional começa muito cedo para a maioria dos garotos brasileiros, e os principais clubes formadores, nacionais e internacionais, voltam seus olhos para estes jovens na busca de uma promessa do esporte. No Desportivo Brasil, que recentemente teve seu certificado de clube formador renovado pela CBF, esse trabalho tem início e é desenvolvido por observadores técnicos mobilizados em núcleos de formação em diversas regiões do Estado de São Paulo. Fica a cargo deles a missão de encontrar os melhores jogadores em escolinhas de futebol e escolas.
“A captação é o coração do clube, a porta de entrada do atleta aqui no Desportivo Brasil. O trabalho vai ao encontro do pensamento estratégico do clube em seu papel formador”, explica Michael Douglas, Coordenador Geral de Futebol, que durante quase cinco anos trabalhou no Athlético Paranaense com as categorias de base (sub-11 a sub-17).
Os jovens de 11 ou 12 anos selecionados pelos observadores são acompanhados em suas cidades e, a cada 2 ou 3 meses, sempre fora do calendário escolar, passam por um monitoramento de uma semana em Porto Feliz, sede do clube. “Não queremos que um garoto com tão pouca idade tenha uma quebra drástica dos elos familiares. Por isso, seu treinador de origem acompanha os treinos no nosso Centro de Treinamento, a família vem e almoça com a gente, e depois o garoto retorna à sua cidade”.
Quando aprovados, a partir das categorias sub-13 e sub-14, inicia-se o vínculo federativo com o clube e eles passam a residir em Porto Feliz, convivendo com os outros atletas da base, experimentando a rotina do clube de treinos, preparação física, atividades culturais e tendo acompanhamento escolar na educação à distância.
“Um dos diferenciais do Desportivo Brasil é o vínculo entre clube, família e atleta. Aqui abrimos as portas para as famílias e nenhuma decisão é tomada sem a aprovação de todos. Identificamos o perfil social e instruímos de acordo com a base que essa família tenha. Acreditamos que o convívio com os parentes seja fundamental para um desenvolvimento completo do atleta e importante também para seu desempenho e comportamento fora do campo”, avalia Michael. As atividades no clube são pensadas a fim de estabelecer uma conexão com brincadeiras típicas de jovens adolescentes: clínica de pipa, paintball, churrasco, festa junina e festas de aniversários. Momentos que minimizam a saudade de casa. Quando ainda era possível, o intercâmbio regular com jovens chineses favorecia uma troca cultural crucial para o futuro cidadão. “Pensamos voltar com as aulas de inglês e musicalização assim que este período de pandemia passar”.Os garotos da base estão com a família, em suas cidades, fazendo o treinamento de forma online há quase 1 ano, com exceção dos que integram o elenco profissional”.
Outro diferencial do clube é a forma com que os profissionais conduzem o processo de formação ao longo dos anos. “Temos muitos casos de sucesso ao comparar o perfil do garoto no ingresso e depois de alguns anos, quando egresso. Ainda que no futebol seja tudo muito precoce, sendo difícil ter exatidão quando falamos de uma criança de 14 anos em fase de maturação biológica e emocional, temos um processo muito bem alinhado e possuímos informações apuradas vindas de outros departamentos, além do técnico, para que esse acompanhamento do desenvolvimento seja integral e bastante preciso. Conversamos sobre todos esses fatores com eles e com as famílias e tentamos retirar a pressão externa. Temos a responsabilidade de, juntamente com a família, formar cidadãos e não somente atletas de alto rendimento”, diz o coordenador.
O alto nível das competições nacionais e internacionais que o Desportivo participa é fundamental para que os jogadores de base cheguem mais preparados na fase profissional. Como exemplo, em 2019, o clube foi campeão do International Football Tournament for Youth Players, na Holanda, e vice-campeão na Silphienergie Cup, na Alemanha. Os garotos também participam regularmente da Weifang Cup, na China. “Se hoje temos muitos atletas da base no nosso time principal e emprestados para os principais clubes do país é por causa da formação adequada e de qualidade nas categorias sub-20 e sub-17, por exemplo. Está no nosso DNA”, finaliza Michael.